Pontos de partida para a história econômica do Brasil

que, acrescido das entradas de 1816 a 1820 e 1821, deveriam subir a dois milhões.

É sabido que nas viagens, expostos aos sóis, às chuvas, ou encurralados nos porões sem ar, sem luz e sem água, os desgraçados chegavam, muita vez, reduzidos à terça e à quarta parte dos embarcados às praias de suas terras!

Todos os escritores contemporâneos da escravatura negra descrevem em páginas tenebrosas esse massacre silencioso dos negros.

Não fora esta circunstância, e teríamos recebido três vezes mais volumosa a corrente de negros africanos, que tanto deveriam influir no desenvolvimento do Brasil.

O negro, portanto, foi o solucionador do problema dos braços, no Brasil colonial, isto porque Portugal, não dispondo de elementos para povoar e bastar às necessidades do trabalho na colônia da América, receoso da emigração estrangeira, lhe trancou os portos, impedindo o caldeamento dos elementos existentes, que eram o branco português, o índio e o negro.

Não foi só. O colono, açoutado pelo selvagem, que o comprimia na faixa litorânea, a olhar sempre desconfiado para a divisa natural e misteriosa da floresta, também não tinha sossego quanto à fronteira oceânica.

O mar transbordava de corsários. Era o corso uma instituição desses tempos, legalizada pelos soberanos em guerra, e havia no oceano inúmeros navios, tripulados de aventureiros e bandidos, que faziam a ronda à propriedade das demais nações, tomando-a pela força. Os corsários caracterizavam-se pela sua coragem, pelo seu ímpeto, pelo seu instinto de rapina, pela sua crueldade. Não se limitavam, no mar, a pilhar as presas ou afundar os navios; assassinavam os prisioneiros, enforcando-os nas vergas, submetendo-os à tortura, queimando-os vivos, fossem da equipagem ou simples passageiros. Em terra, após o

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