Pontos de partida para a história econômica do Brasil

continua a pedir, o seu historiador paciente, arguto e que tenha por si as garantias imprescindíveis da tranquilidade de espírito, sem a qual todo o esforço acabará disperso e fragmentário.

Ainda há pouco, fazendo a crítica de meu último livro publicado, Através de Quatro Séculos, o autorizado decano de nossa imprensa acentuava a grande verdade de que, neste país como em Portugal, ninguém pode ainda viver de ser historiador.

Dentre as virtudes de que me enobreço, uma das principais está no senso da medida de meu próprio valor. Reconheço, por isso, sem qualquer manifestação de falsa modéstia, que este trabalho tem falhas. Daí o receber a contribuição dos competentes para a correção delas. Devo, porém, salientar desde já que todos os dados e todas as opiniões que emito se acham fortemente amparados na verdade histórica apurada na crítica insuspeita de historiadores nacionais e portugueses.

Inimigo do preconceito de raças, do que hei dado, mormente quanto a Portugal, provas públicas, nem sempre, todavia, me foi possível aplaudir os atos e a política econômica desse risonho e glorioso país a cuja energia e civismo tanto devemos. É que não compreendo a história toldada pelos ódios nem pelas simpatias, e também aprendi, para repetir a frase de Ruy Barbosa ao estadista Hugues, a usar da franqueza na amizade.

Este volume abrange apenas a História econômica da Colônia. Trabalhava no que se refere ao Império quando o Dr. João Luiz Alves pôs sobre meus ombros a pesada incumbência de levantar as bases para a Reforma Penitenciária do Brasil. Espero concluí-lo em 1924. O relativo à República virá mais adiante, assim Deus me ajude e as forças não me falhem.

Rio, 20 de novembro de 1922.

Lemos Britto.

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