Não eram a humildade nem o descaso que lhe ditavam tais palavras, e sim a fraqueza, a descontinuidade do tônus de energia. Não conseguia mantê-lo, como lhe exigia uma vida de violento arrastamento para a aventura.
O acaso ou antes o destino decretador das fortes e várias vicissitudes dos homens que pretendem viver como Semple Lisle atirou inesperadamente à costa brasileira o aventureiro britânico, então quase quadragenário e já mais que "passado por Índia e Mina", como tão pitoresca e fortemente exprime o velho prolóquio lusitano nascido das Navegações e Conquistas.
Modesto não o era, de todo, repetimo-lo a discordar de Alfredo de Carvalho.
Como? Se inicia o seu prefácio afirmando: "se fui injustamente caluniado, posso garantir que ninguém, como eu, se viu o joguete da Fortuna, em existência cheia de brilhantes lances, em contato com vários dos maiores potentados do Globo, senhor de importantíssimos segredos de Estado"?
Pretendendo demonstrar que a vida lhe fora longa série de desgraças, prometia escrever a verdade, só a verdade.
Não era escritor, bem o sabia, e sim apenas soldado, embora tivesse recebido ótima educação.
Se se acostumara, com rapidez, a executar as ideias que lhe acudiam, não tinha a paciência do estilista, burilador da frase.
Soldado dos pés à cabeça, reafirmava, a profissão das armas intensamente o empolgara sempre.