Visitantes do Brasil colonial (séculos XVI-XVIII)

Ao voltar à Inglaterra, viu-se preso, levado aos tribunais como velhaco e condenado a um período da clássica sombra sobre a não menos clássica "palha úmida".

Explicando o caso, afirma com toda a singeleza e desplante que nunca pretendera esquivar-se a um justo pagamento; assim, solenemente, por vezes o declara o próprio Lycet. "Só lhe pedira prazo para o executar, embora fosse eu muito inexperiente e extravagante, haveria, então, motivos para se pensar na culpabilidade de um moço elegante, cujo único crime era ter comprado um carro sem pensar em como haveria de o pagar?", indaga do leitor com deliciosa frescura.

Verdade é que o tal Lycet jurava a seus grandes deuses que ele lhe tomara o veículo por empréstimo. Alugara-o por uma semana e desaparecera. Mas quem em tão absurda hipótese acreditaria?

Apesar de todos os argumentos defensivos e imaginosos que o gênio inventivo lhe sugeria, foi o nosso Semple Lisle condenado a fazer uma vilegiatura nos cômodos que Sua Majestade, por meio de suas justiças, à sua disposição pusera na famosa prisão londrina de Newgate.

Distraiu-se neste período de meditação forçada imaginando novo tipo de sela para a cavalaria prussiana que ofereceu ao grande Frederico. Fê-lo em termos arroubadíssimos de admiração pelo genial cabo de guerra que, aliás, não lhe deu a menor resposta. Ingrato como só os reis sabem sê-lo...

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