Visitantes do Brasil colonial (séculos XVI-XVIII)

perdê-lo jurando falso e inventando dívidas fantásticas.

A certas destas acusações qualifica de risíveis. Não vemos porém causa hilariante alguma no caso por ele classificado como um "cúmulo do ridículo" e relativo à cobrança de dez libras, que certo pobre homem Mr. Clay lhe fazia de uma letra, "dívida evidentemente prescrita, porque tinha mais de dez anos".

A todos estes casos dá Lisle explicações; para julgarmos porém do valor de suas desculpas basta uma: não pagara, nem jamais pagaria, uma das tais letras para se vingar. Isto porque o portador do título o fizera vigiado pela polícia, em virtude de um engano, de mera homonímia, com certo estelionatário!

Como sempre acontece foi Lisle, aquele cordeirinho sem máculas, pronunciado por um juiz perseguidor e sem entranhas, certo Flood. Assim o júri o condenou novamente à cadeia.

Pretende que nestes dias amargos muito lhe valeu a amizade de um grande homem que em todo o caso não conseguiu dar à sua fortuna a face nouvelle do famoso alexandrino racineano: o grande, o extraordinário orador Edmundo Burke, o Cícero britânico.

Sabendo que era plano do governo deportá-lo para a Austrália num comboio de presidiários, de convicts e de rameiras, condoeu-se da sorte do aventureiro e com a costumeira paixão, base de sua eloquência, pleiteou perante os secretários de Estado a não execução de tão terrível desígnio.

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