a Marquesa de Bergues e suas filhas. Tratava-se de escabroso caso relativo à anulação de um casamento do Duque Carlos IV da Lorena com sua prima Nicole e ao consequente reconhecimento da validade de um matrimônio realizado com Beatriz de Cusance, filha da Marquesa. Arguiam de bigamia aquele turbulentíssimo personagem, ávido, como raros, de dinheiro e gozos, frequentemente os mais baixos, que foi Carlos IV.
Era bem o tipo acabado de um daqueles caudilhos de seu tempo, da guerra dos Trinta Anos, no gênero de Mansfeld e de Wallenstein. Bravo com as armas, pouco se lhe dava, senhor de um ducadozinho como a Lorena, de assanhar as iras formidáveis de um Richelieu.
Político versátil como raros, ainda mais volúvel se mostrava em amores. Casado aos 17 anos com a prima, por ambição de recolher a herança do sogro e tio, não tardara em desfeitear a pobre princesa. Em 1637 a repudiava para desposar a bela Beatriz de Cusance, viúva do Príncipe de Cantecroix.
Alegava que se casara menor e constrangido, se não totalmente tolhido em sua liberdade. Quem o aconselhara a se recasar fora um jesuíta, o Padre Cheminot, confessor acomodatício. Mas o Papa Urbano VIII bradara-lhe logo o Non possumus retumbante, secular, atemorizador de reis e príncipes imorais e inclinados à bigamia. Pouco se lhe dera a Carlos IV de Lorena a repulsa pontifícia. Continuara a viver com Beatriz, que o acompanhava nos transes da vida agitadíssima em que,