História da queda do Império 2º v.

a dor que lhe ia na alma. Mais qu'avons-nous donc fait - perguntava ela a Weisersheimb, - com a voz entrecortada de lágrimas pour qu'on nous traitent comine des crimineis? "A Princesa Herdeira não estava menos comovida, mas lastimava antes a cegueira e a ingratidão de seu País, do que o seu próprio destino. Profundamente emocionada e com os olhos cheios de lágrimas, tomou de minha mão e, com uma voz trêmula, repetiu por duas vezes esta frase, como se fosse para ela de uma especial importância que eu me lembrasse bem do que me dizia: Ne pensez pas trop de mal de mon pays, ce n'est que dans un accès de folie qu'ils agissent"(853) Nota do Autor.

Cerca de meio-dia, o Parnaíba começou a mover-se lentamente em direção á saída da barra, tomando logo depois a direção do sul. A viagem até à Ilha Grande não foi longa. Lá chegaram ao cair do sol. Antes de se passarem para bordo do Alagoas, ancorado a uma certa distância, foi servido o jantar. Essa refeição, a última, por assim dizer, que a Família Imperial faria em águas brasileiras, correu num ambiente de grande tristeza. Uma profunda emoção se estampava no rosto de todos, inclusive dos oficiais de bordo. O Imperador era ainda o que sabia guardar maior serenidade. Como em todos os momentos de sua vida, não alterava a sua natural compostura, de nada se queixando e nada reclamando. Para quem não conhecesse o perfeito equilíbrio de seus nervos, dava a impressão de não estar afetado, como os demais, por tudo quanto se passava desde dois dias, quando sua vida, seu futuro e tudo quanto o cercara até então iria sofrer a mais radical e penosa das transformações.

Já era noite fechada, quando se começou a preparar o transbordo para o Alagoas. Deu-se início à descida

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