Dois paulistas insignes: José Ramos da Silva e Matias Ramos da Silva Eça (Contribuição para o estudo crítico da sua obra, 1705-1763)

Para prosseguir nos trabalhos lexicográficos, os organizadores das indicações bibliográficas admitiram critério muito mais amplo e liberal e no Catálogo dos Autores que se hão de ler entraram inúmeros escritores dos séculos XVII e XVIII e, entre eles, Matias Aires Ramos da Silva de Eça que agora nos ocupa a atenção, graças à sua completa biografia, de autoria do erudito investigador português Sr. Ernesto Ennes, trabalho que honra os estudos históricos e a história da literatura luso-brasileira.

Barbosa Machado, escrevendo cincoenta anos antes do aparecimento do Dicionário da Academia, reúne algumas indicações sobre a vida do clássico: dados resumidos e muitas vezes obscuros que não se completaram e nem se esclareceram em mais de Século e meio. A impressão do tomo IV da Biblioteca Lusitana (1759) é pouco posterior à publicação das Reflexões sobre a Vaidade dos Homens e as informações recolhidas pelo Abade de Sever foram naturalmente fornecidas pelo próprio Matias Aires, relativamente moço na época. Entre as indicações de caráter bibliográficos, encontramos menção de vários escritos de Matias Aires, em francês e latim, de que não foram encontrados os originaís até hoje e que certamente estão definitivamente perdidos se é que foram concluídos pelo Autor.

Os dois trabalhos de Matias Aires, acima referidos, são tudo quanto chegou até nós da sua atividade literária.

As Reflexões sobre a Vaidade dos Homens tiveram indiscutível aceitação pelo público do século XVIII o que se verifica pela sua reedição em 1761, 1778 e 1786, incluindo as duas últimas a Carta sobre a Fortuna que se não encontra nas primeiras. Em menos de meio século, foram impressas quatro vezes o que é muito tanto pela matéria do livro como pela reduzida capacidade de leitura em Portugal e no Brasil. Da quarta edição de 1786 à quinta de 1920 transcorreu perto de século e meio de completo abandono do autor brasileiro.

Desconheceram-lhe o valor e as obras quase uniformemente as histórias da literatura, vindas a público de um lado e outra do Atlântico. Excetuam-se, naturalmente, Inocêncio Francisco da Silva e Sacramento Blake que, em seus Dicionários Bibliográficos, divulgam, sem alterações de maior interesse. As indicações de Barbosa Machado Chichorro da Gama, Francisco Ribeira e J. M. de Macedo dele se ocuparam muito por alto.

Em 1914, Solidônio Leite, em seu pequeno e excelente trabalho que com boa razão intitulou Clássicos Esquecidos, retira

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