Matias Aires do olvido em que se encontrava e consegue despertar para as Reflexões sobre a Vaidade dos Homens o interesse de todos que se preocupam com os estudos literários.
Nestor Victor em três longos artigos, em 1915, na Revista Americana, foi dos primeiros comentadores que se seguiram a Solidônio Leite no estudo da obra do moralista brasileiro. O seu ensaio, apesar da pequena dúvida que apresenta quanto à posição de Matias Aires na linha dos escritores portugueses, do século XVIII, com algum sentido ou influência do meio brasileiro, é dos mais seguros de que dispomos. Mas, para torná-lo conhecido era preciso, antes de mais nada, facilitar a sua divulgação por meio de uma quinta edição tão correta quanto possível. Essa benemérita iniciativa deve-se ainda a Solidônio Leite que levou o seu filho, o erudito dr. José Atico Leite, a empreender, pela Livraria J. Leite, a reprodução fac-similada das Reflexões sobre a Vaidade dos Homens que ganhou logo novos leitores, amigos e alguns críticos de mérito. De 1920 até hoje são inúmeros os que se ocuparam de Matias Aires, como mostra o Sr. Ernesto Ennes nas páginas que se vão ler e entre os quais convém indicar Laudelino Freire, José Veríssimo, Ronald de Carvalho, Andrade Murici, Alcides Bezerra, Fidelino de Figueiredo e Jarbas Peixoto. Por último, em ordem cronológica, é preciso fazer referência ao estudo do Sr. Alceu Amoroso Lima que serve de prefácio à sexta edição das Reflexões sobre a Vaidade dos Homens, na Biblioteca de Literatura Brasileira, da Livraria Martins, de São Paulo, que é a melhor até hoje aparecida, tanto pelo cuidado com que foi feita quanto pela extraordinária clareza do ensaio de Tristão de Ataíde. O aspecto fundamental da obra de Matias Aires, naquele primeiro livro, é o da sua posição no ambiente cultural da Europa de Newton e de Locke. O seu ceticismo, o seu amor às letras clássicas, a influência do estudo das ciências naturais fazem dele uma personalidade muito complexa que só poderia ser convenientemente examinada quando o observador se coloca, sucessivamente, em mais de um ângulo. E é o que fez o Sr. Alceu Amoroso Lima que nos apresenta Matias Aires sob todos estes aspectos e também em comparação com a formação intelectual e as atividades literárias de Teresa Margarida da Silva e Orta, Irmã de Matias Aires e autora do primeiro romance brasileiro Aventuras de Diófanes.
O interesse pela obra de Matias Aires tem sido maior, em alguns momentos, no Brasil que em Portugal o que explica, até