A Hollanda Cavalcanti, faltava a movimentabilidade que dava a Feijó tanta magnitude. Fazia-lhe falta a majestade, que emprestava a Feijó um ar de divindade misteriosa, a pairar soberana no alto de um altar bárbaro, magnetizando a turba de místicos adoradores. Araujo Lima, sem audácia, se embalsamava por vezes dessa majestade com a qual surgia a paradear diante da corte embevecida, mas não lhe sobravam atitudes másculas e decisivas, que eram o molho com que Feijó sabia temperar os seus exercícios nas posições em que o colocavam. Talvez por isso, ele, o futuro Marquês de Olinda, não tivesse tomado parte no 7 de abril. Ele, o paulista, encerrava sempre com fecho de ouro, de atividades verticais às suas ascensões pelas culminâncias do poder.
Ei-lo, como Ministro da Justiça, a se demitir quando o Senado não quis mudar a tutoria do imperador menino! Ei-lo, como Regente, a abandonar o trono quando o Parlamento deu maioria a oposição bernardina! Araujo Lima era dúbio, não seria capaz desses gestos que só um espírito moldado na verticalidade mosqueteira poderia executá-los. Araujo Lima era precavido em demasia, a ponto de passar por traidor.
Foram tantos os traços acentuados por Feijó, no recurso de sua curta mas acidentada vida de estadista, que não é difícil se destacar o seu perfil nítido, em relevo naquela torva época de soto-planura de caracteres.