da superfície das águas, como que em uma revolta mal contida pelo espumarado líquido do oceano que lhe lambia os flancos reluzentes, das malacachetas e micaxistos entremeados aos granículos pardos de quartzo e de feldspato.
A nave era um grande barco de recente construção espanhola. A Ibéria ainda construía navios similares aos que Colombo havia feito o seu famoso périplo. Apenas as proporções haviam ampliado o porte. Eram os mesmos três mastros com suas velas inchadas como se fossem níveas e gordas gaivotas.
Era o "Santissima Trinidad", que depois de uma travessia suave, havia chegado a América para depositar nas suas plagas a carga humana que trazia da Ibéria, a mater sublime, que revigorava as colônias de além-mar com o envio ininterrupto de sangue novo, o qual corria pelo Atlântico, já não tenebroso, mas sempre imenso, em um jorro contínuo a alimentar os povoados iniciados no continente novo sul-americano. Essa Europa generosa derramava sobre as suas terras de além-mar o excesso de gente, que ela não mais podia alimentar, pela dureza da luta pela vida. Com isso só emigrava o forte, o varonil, o de espírito aventuroso, o árdego belicoso de alma aspirante de audácia, de conquistas, os espicaçados pela ambição de riquezas, os ardorosos de ânimo alevantado e aprestados para a luta. Aqueles, que, tímidos e embotados pelas cortes europeias em que a masculinidade se amolece ao contato com os prazeres fáceis e os luxos amortecedores das energias, se afeminavam amornados nos doces refúgios das fumarentas lareiras, junto as saias amplas de pachorrentas matronas ou de moçoilas trêfegas a gozar os