Feijó e a primeira metade do século XIX

de que ela, que tanto se sacrificou por mim, fica amparada.

Não é que essa esperança seja filha da ambição de grandezas. Não as poderia alimentar quem viveu e morre deixando para ela a pobreza que a necessidade condena quase que a indigência.

- Descanse, meu primo e muito amigo, respondeu comovido Santos Camargo, que sua irmã não será jamais olvidada. Eu o prometo.

O médico entrava nesse instante. Era o Dr. Ellis, um inglês chegado a cerca de 15 anos, que tratava de Feijó, desde que a moléstia se manifestara. Era um homem meão, de bigodes loiros e olhar cerúleo, que logo se umedeceram ante a cena patética.

Ele assistira a milhares de agonias, algumas bem dolorosas. A de Libero Badaró fora uma delas, logo que o jovem inglês aqui aportara, mas essa, a de Feijó, era a que mais o comovia.

Como era admirável esse exemplo!

Cromwell, não subira tanto!

O esforço consumira as forças débeis de Feijó e ele entrou em uma modorra, que lhe paralisava os movimentos e que lhe cerrava os olhos.

Só o bater descompassado do seu coração denunciava a vida ainda enraizada naquele organismo, combalido pela moléstia e roído pelos sofreres.

Longas horas se passaram nesse torpor silencioso, que preludia o estado agônico dos que se vão.

Súbito o moribundo se agita, abrindo, por fim, desmedidamente os olhos encovados daquelas olheiras roxas e, por entre a desconexidade das

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