Nada, em si. A explicação única que acode ao espírito é: o finito não pode compreender o infinito, pois pertencem a dois planos fenomenais diferentes. Daí o mistério. Daí, a necessidade implícita de conceber uma energia externa, regedora (a harmonia universal o prova) mas independente, e como tal podendo excetuar, para si, na obediência incondicional às regras firmadas para o complexo existente. É a Causa Primeira: o Criador.
Para empregar termos gerais, como em matemática se usam, uma força externa a um sistema de forças e que não obedeça nem seja influenciada por estas senão em condições especiais (no caso de uma força absolutamente independente, a condição seria intrínseca ao elemento externo; a própria vontade e sabedoria, se for consciente: é o fato divino), no caso figurado, repito, nada mais compreensível e normal do que a possibilidade de alterar as leis, secundárias sempre, dos fenômenos. O que se chama o mistério revela apenas: nos casos devidos à ignorância do homem, o atraso de seus meios de indagação; nos casos transcendentes, o desconhecimento do que se passa em plano mais alto do que o nosso, a ausência