Calógeras

Lebreton, mais do que Hugon, fez-me entrever toda a significação da missa e da eucaristia, mistério da fé, mistério do amor, assistência aos fracos e aos fortes, viático na vida até o Além.

Também me fez melhor compreender certas práticas familiares. Meus pais (como muitos outros, naturalmente) nos ensinavam, a seus filhos, a não derrubar o pão, e, quando tal acontecesse, a levantá-lo com respeito, beijando-o. Pensava eu, quando criança, que tal se fazia em memória da oração dominical, da dádiva divina. Vejo agora que havia mais do que isso, nesse gesto que até hoje não abandonei: o respeito ao elemento, em cuja espécie, após a consagração, se acha o Eleito, mas que nos não diziam, por sermos crianças.

Sobre tudo isso, mais tarde lhe escreverei.

Penso que, dentro em breve, regressarei ao Rio. Os concertos de nossa casa estarão prestes terminados. Minha presença aqui se torna menos precisa, e minha ausência do Rio perturba meus trabalhos em todos os sentidos.

Logo que eu veja findos os trabalhos dos operários, terei de mandar abençoar a casa. Quis custodiet domum, nisi dominus custodierit eam?

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