"por um processo formal e prolongado; o receio de Pombal foi únicamente que lhe fugissem as vítimas, cabecilhas dum importantíssimo partido político; tratava-se ali duma luta de chefes, - um teria forçosamente que esmagar o outro; não havia tempo a perder!"
O autor teima em culpar os Jesuítas e a Nobreza, o que não é certo. Os seus argumentos ferem justamente por isso, por não serem exatos. Mas seja como for, o fato é que estavam em luta duas mentalidades, duas filosofias, duas concepções da vida e do Estado: a tradição cristã, e o evolucionismo materialista. Os chefes não se consideram por pessoas, mas sim pelos princípios que representam. Os princípios é que estavam em jogo. Aniquilava-se a Monarquia cristã; surgia o liberalismo. Os pretextos todos serviam.
Não cremos que as declarações dos fidalgos tenham sido tomadas fidedignamente. Quem pretendia abster a Nobreza, não poderia permitir que essa se defendesse. Aliás, Richelieu, com outras intenções não fizera o mesmo? Com tanta astúcia maquiavélica, por certo os processos foram viciados. Segundo se averigua do Processo, página 162, o Duque de Aveiro teria declarado: "que a origem e primeiro principio deste enormissimo atentado, foram humas praticas, ou conferencias, que ele Respondente teve em São Roque com o Padre João de Mattos, e com o Padre Jozé Perdigão, e em Santo Antão com os Padres Jacinto da Costa, e Thimoteo de Oliveira; os quais hindo elle Respondente busca-los haverá sinco mezes pouco mais, ou menos, e praticando-se sobre os meios, que haveria para se effectuar o matrimonio da Princeza Nossa Senhora com o Serenissimo Senhor"