O Conde dos Arcos e a Revolução de 1817

O casamento realmente se iria realizar. Mas passemos adiante.

Quanto aos fidalgos acusados, diz o autor: "os outros fidalgos coniventes no atentado, confessaram do mesmo modo a mesma coisa: o pretexto dinástico, a queda do governo de Sebastião José e o regresso do Duque d'Aveiro; e que tudo isto se baseava na Mística e nos conselhos e direções, de Gabriel Malagrida, da Companhia de Jesus.

A reação contra o governo d'El-Rei tomara um carater seríssimo, e fora extensiva a toda a parte cristã-velha da Nação, a parte germânica da Nação, que a si própria, a seus próprios pecados atribuia a causa de todo o desatino dos cristãos-novos: um castigo de Deus, (como era costume!). Era tão grande e universal esta tal reação, que dela pôde resultar (numa época daquelas!), a trama atentatória de honrados e religiosos fidalgos contra a vida dum Soberano - coisa que sem essa universalidade de reação não encontraria ambiente para ser gerada!

Os jesuítas concretisavam em si tôda a multidão de cristãos-velhos fortemente sintetisada em Malagrida; e os Távoras, o Duque de Aveiro e outros fidalgos, foram os móveis dedos de Malagrida a desfecharem o gatilho contra o Rei, - dedos aqueles que Pombal queimou no cadafalso!

É costume caluniar o carater abortivo do sumaríssimo processo dos Távoras. Este de modo algum representaria qualquer receio contraído por Pombal de que se chegasse a averiguar a inocência dos reus! Eram decisivas as provas contra êles, a começar por suas próprias confissões, e que mais decisivas se tornariam"

O Conde dos Arcos e a Revolução de 1817 - Página 49 - Thumb Visualização
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