E diz o insuspeito Sr. Souza Pinto, afeiçoadíssimo à obra de Pombal: "Como em França, desde Luís XI a Luís XVI, a aristocracia em Portugal tornara-se de grande poder politico que fora na Idade Média um elemento permanente de desordem social. Os fidalgos portugueses viviam a vida mesquinha e ingloria das intrigas da corte e das lutas pelo validismo real, de modo que perturbavam profundamente a ação política forte e decisiva que as circunstâncias nacionais reclamavam. Tornava-se por consequência urgente suprimí-los, ainda mesmo que violentamente. Foi o que, a exemplo de Richelieu, realizou o grande estadista do extremo Ocidente", página 156, op. cit. Mas as intenções de Richelieu eram bem outras. Ora bem, se Pombal dizia que o partido "puritano (Nobreza) estava em termo de acabar-se", e justamente pelo casamento com os judeus queria "conservá-lo", aumentá-lo, vê-se bem que não era isso conservação mas sim por uma "ação política forte e decisiva que as circunstâncias nacionais reclamavam, tornava-se por consequência urgente suprimi-los". Essa é a verdade. Pombal queria acabar com a Nobreza, esteio da nacionalidade e do espírito da raça, lídima representante dos princípios cristãos e da legítima tradição. Casá-la com os judeus era aniquilar-lhe o espírito na superior concepção do homem, do universo e dos seus destinos; quer dizer tirar-lhe o sentimento da religião no mais alto grau, assim como o judeu representa também uma religião. Porque casá-la com judeus? Poderia casá-la com outros nobres, ou, menos nobres, mas portugueses, e, no caso, por mais repugnante que seja, aludamos à absurda hipótese, com negros e índios. Porque de preferência o judeu? E se