"grandeza deste Reino, como foram as que se viram privadas de entrarem no serviço das inquisições e de darem filhos para as outras casas não só da sua mesma classe mas ainda de outras de menor graduação; sem se reparar em que isto é o mesmo que ainda estão praticando os hebreus, os quais não casam fóra da tribu de sua geração, vendo-se por este modo até a mesma Nobreza daquele partido chamado puritano em termo de acabar-se; porque limitando-se os seus matrimonios a tão poucas Casas como é manifesto com uma sujeição da liberdade dos matrimonios incompatível com as leis da Igreja e do Reino, é preciso que venham a perder-se por uma parte com a falta de despesas que necessariamente ha de haver em tão reduzido numero de famílias pela outra parte com as constantes despesas das dispensas matrimoniais em proximos graus de seus reciprocos e mutuos parentescos, e vendo-se enfim que todo o corpo da Nobreza se acha assim atrozmente injuriado no conceito universal da Europa; porque fazendo-se crer aos estrangeiros que vivem nesta Côrte que em Portugal só ha pureza de sangue naquélas poucas casas, ficam persuadidos de que a mesma nobreza se compõe só daquelle pequeno numero de familias cristans-velhas e que todas as outras são maculadas com esse sangue de hebreus".
Convém notar que Pombal achara "excessiva" a Nobreza de Portugal, e depois, prestes a "acabar-se"!
Não discutamos aqui a superioridade biológica do sangue: importa compreendê-lo como condição de "ordem social" de primeira grandeza.