"com que a plebe de Lisbôa chamava cristãos novos aos conversos, que tinham ficado neste reino, causou o horroroso motim que padeceu a cidade de Lisbôa no ano de 1506, ocorreu logo o mesmo, e iluminado monarca, que tinha ordenado a dita expulsão dos hebreus profitentes, a obviar as divisões, e os estragos que aquéla perniciosa dominação tinha feito nos seus vassálos, não só naturalisando todos os ditos novos convertidos pela sábia lei do primeiro de março de 1507, mas também passando a constituir néla a favor dos mesmos novos convertidos o título honroso, que lhes foi concedido nas palavras: "Item lhes prometemos, e nos praz, que daqui em diante não fazemos contra eles nenhuma ordenação, nem defeza, como sobejamente distinta, e apartado, mas assim nos praz, que em tudo sejam havidos, favorecidos e tratados como proprios cristãos velhos, sem dêles serem distintos, e apartados em cousa alguma".
Cumpre-nos salientar como os Reis e a Igreja, sempre procuraram docemente conquistar e proteger os judeus sem oprimi-los mas convertendo-os. E, não obstante, continuando rebeldes no seu messianismo é contra os Reis e a Igreja que se alçam. E por quê? Porque representam princípios absolutamente diversos dos seus. Representam aspirações totalmente contrárias ao seu ideal de dominação universal pelo ouro, realizando um messianismo errado e injusto, um messianismo materialista e aviltante para a espécie humana sobre a qual triunfaria egoisticamente a Raça de Israel.
E o alvará informa que assim gozaram de liberdade plena e paternal sem "aquéla sediciosa distinção de cristãos novos e cristãos velhos reprovada pelas"