O Conde dos Arcos e a Revolução de 1817

Liberdade é o que havia nos "ominosos" primeiros tempos da Inquisição. "Tão amplas e úteis liberdades disfrutava assim a gente dos ofícios, que El-Rei Dom Manuel, quando justamente irado soube do alevanto que se fez em Lisbôa contra os cristãos-novos (bárbara matança e roubo de marujos, vilões e estrangeiros) logo, para maior castigo e exemplo, determinou, como refere Damião de Góis na Crónica desse felicissimo Rei, "que não haja mais na dita cidade eleição dos 24 dos mesteres, nem isso mesmo os 4 procuradores deles, que na Camara da dita cidade, e os não haja mais nem estem na dita camara sem embargo de quaesquer privilegios, ou sentença que tenham para o poderem fazer.

Pouco durou, porém, o necessário castigo. Regressa o Rei a Lisbôa, e o feitiço dormente da cidade o enleia e lhe abrada a bôa cólera. Não escapou a Garcia de Rezende, ao pôr em lembrança as coisas do seu tempo, o fácil perdão do Rei. E a saborosa trova recorda":

Vi que em Lisboa se alçaram

Povo baixo e vilãos

Contra os novos cristãos;

Mais de quatro mil mataram

Dos que houveram às mãos.

Uns deles vivos queimaram,

Meninos despedaçaram,

Fizeram grandes cruezas,

Grandes roubos e vilezas

Em todos quantos acharam.

El Rey teve tanto a mal

O Conde dos Arcos e a Revolução de 1817 - Página 77 - Thumb Visualização
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