se encastelara nas lavouras açucareiras do Nordeste, em desprezo às pequenas lavourinhas do planalto piratiningano. Não tínhamos também o convicto branco, e a quantidade de deportados para o nosso planalto foi nulíssima. Foram, pois, os nossos antepassados obrigados a rebuscar o sertão à cata do bugre. Nos estabelecimentos jesuíticos o índio era apresado em condições de melhor servir às nossas precisões econômicas. Aí ele já era domesticado e já era cristianizado. Por isso os jesuítas se fizeram inimigos acérrimos dos paulistas. Nas suas lamúrias, pois, tinham que inventar, contra os nossos homéricos antepassados, as mais deslavadas calúnias. Isso era humano. Daí a lenda inverossímil da crueldade do apresador paulista.
Não eram eles descendentes de João Ramalho, esse altaneiro fronteiro em terras virgens? Por força tinham que ser combatidos. Como os padres mestres não o podiam fazer com o arcabuz ou a escopeta, lançavam mão da pena, da tinta e do papel, em que atiravam à posteridade as acrimoniosas objurgatórias contra os que foram os dilatadores das nossas lindes.
Mas eles dizem que os paulistas eram matadores e crudelíssimos!
Teriam sido tal?
Não é verossímil, ao menos; não fossem suspeitas, as origens dessas acusações.
O interesse dos paulistas era obter, nas suas correrias, a maior quantidade possível da cobiçadíssima mercadoria humana, em estado de rendimento de trabalho.