O bandeirismo paulista e o recuo do meridiano

Mais de seis milhões de quilômetros quadrados eram graciosamente atribuídos ao império de Fernando e Izabel, ficando a Portugal apenas 2.500.000 quilômetros quadrados.

Nem toda esta imensa área, porém, foi logo apossada pelos dois reinos peninsulares. Portugal se limitou a conhecer o litoral de seu quinhão, dividindo-o em capitanias, que entregou a pessoas de prol da sua corte, que semearam por elas parcos núcleos de colonizadores.

Espanha, a quem coube a parte de leão na divisão, e a quem já pertencia o resto da América sulina, foi tanto mais favorecida, porquanto tinha a sua área cortada por duas grandes vias naturais de penetração, que facilitavam senão o povoamento, ao menos a tomada de posse. Ao norte era o Amazonas que, descendo das geleiras andinas, do vice-reinado do Peru, rasgava, extensamente com seus numerosíssimos afluentes, o território castelhano, que assim podia ser navegado e penetrado com grande facilidade. Ao sul eram o Paraná e o Paraguai, em continuação, que davam acesso ao centro mato-grossense do Brasil espanhol, dispensando as dificuldades de uma laboriosa penetração.

Por essas estradas fluviais, até as caravelas oceânicas podiam penetrar subindo aos Andes ou indo ao Paraguai.

Não foi assim a Portugal, a quem faltaram, na sua porção, essas vias de entrada. Na sua faixa, não tinham os lusos senão o São Francisco, esse mesmo encachoeirado, logo acima da sua foz. Nenhum outro grande caudal permitia aos portugueses comunicação fácil com o seu hinterland.

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