Espanha, porém, com tão imensa quantidade territorial, não se aproveitou de tudo. Para cumular a impotência castelhana, em absorver esse colosso, a ocidente da linha demarcadora, havia no Peru a prata e ouro em abundância, de forma que o brilho dos metais atraía para a sua mineração as energias que poderiam estar espalhadas a povoar o país imenso.
Com isto e, talvez, devido ao clima e às intempéries do norte, Espanha desprezou todo o vale amazônico, com as suas ótimas estradas líquidas. Toda a bacia do rio, até aos contrafortes andinos, Espanha abandonou, para apenas se aproveitar da bacia platina, parano-paraguaia, por onde os espanhóis se internaram, fundando as aglomerações humanas do Paraguai e sul de Mato Grosso. Além disso, penetraram eles pelo Uruguai, Paraná e seus afluentes, onde se espalharam os jesuítas espanhóis à frente de suas miríades de reduções.
Com este bloco importantíssimo de população dos rios da bacia platina, não só Espanha se apossava de grande área, ao sul, concretizando o seu direito, como criava um intransponível entrave a qualquer progressão portuguesa, para o ocidente, que partisse de São Vicente, o núcleo mais meridional de povoamento das terras lusitanas.
Em síntese, Castela, abandonando o norte, povoava fortemente o sul, impedindo o acesso aos seus rivais.
Portugal, se fora desprotegido na partilha da América meridional, e, se a natureza o desamparou, na hidrografia do seu quinhão, foi-lhe grandemente pródiga na aventurosa, temerária e