Portuguesa, como o marido, aquele bom Sr. Magalhães, tinham vindo ambos para o Brasil com a corte da rainha Dona Maria I, quando esse homem infeliz que foi o príncipe Dom João, depois o rei Dom João VI, se viu forçado a fugir, apavorado, das tropas francesas, que em marchas forçadas invadiam o velho reino lusitano. Fidalgos empobrecidos, o casal Magalhães viveu no Rio, como tantos outros, à sombra da larga e patriarcal generosidade do Rei.
Depois da partida da corte portuguesa, quando se proclamou a Independência e foi instituído o Império, o marido de Dona Mariana recebeu de Dom Pedro I o cargo de guarda-roupa do Imperador. Para o fidalgo pobre, um emprego desses era um achado do céu. Mas o bom homem não o desfrutaria por largo tempo. Oito meses depois estava ele uma manhã ajoelhado, em oração, na igreja da Glória, assistindo a uma missa em ação de graças pelo seu Imperador e amigo, quando caiu pesadamente sobre o lajedo do templo, com um ataque mortal de apoplexia.
Viúva a pobre Senhora, não a deixou no desamparo a generosidade de Dom Pedro I. Fez-se o Monarca, espontaneamente, protetor de toda a família. Deu emprego ao filho; fez da filha mais velha aia da princesa Dona Francisca; das duas sobrinhas, açafatas do Paço; e dos dois sobrinhos, moços fidalgos da Casa Imperial.
Não ficaram aí, porém, as provas de amizade de Dom Pedro I. A grande surpresa viria pouco depois.