demasiado custosa para as parcas posses de Dona Mariana.
Por todos esses motivos, a excelente Senhora, na sua modéstia, sem outras ambições que não fosse a vida recatada do Engenho Novo, cercada de sua família e entregue exclusivamente à educação dos filhos, recusou confusa e agradecida a honra que lhe fazia o Monarca seu Senhor. Mas este insistiu, foi teimoso, fez-se amável, apelou para os sentimentos cristãos da boa dama, para a sua fidelidade à família imperial. Premida, dessa forma, ela cedeu.
E foi assim que em meados de novembro de 1825, Dona Mariana de Verna deixava definitivamente a velha chácara do Engenho Novo, doação do bom rei Dom João, para transportar-se para a quinta da Boa Vista, a fim de aguardar ali o esperado nascimento do Príncipe que o destino lhe depunha nos braços generosos.
II
Dom Pedro I tinha então 27 anos de idade. Produto híbrido de um português medíocre, sem grandes virtudes e sem grandes defeitos, e de uma Espanhola de mau-caráter, buliçosa e sem escrúpulos, ele herdara de ambos - do pai Bragança e da mãe Bourbon - uma soma de predicados opostos, que o tornavam um dos homens mais contraditórios do seu tempo.