História de D. Pedro II, 1825-1891 volume 1º Ascensão, 1825-1870

De temperamento era um impulsivo. Volúvel até os extremos, era capaz dos maiores egoísmos e das mais largas generosidades. Tudo nele era incompleto: mal educado, mal guiado, mal aconselhado, faltou-lhe sempre o senso exato da medida. Mas, como todas as naturezas espontâneas, tinha um fundo de grande bondade.

Herdou do velho Rei seu pai a liberalidade; não aquela bonomia igual e sedativa, que o fazia tão estimado pelos que o cercavam. Tinha, da mãe, sobretudo, a impetuosidade. Foi essa impetuosidade, aliada ao seu estabanado cavalheirismo, que o levou a libertar dois povos.

Um punhado, largo, cheio de boas qualidades: bravura, honestidade, desprendimento pessoal, idealismo. E um acentuado desejo de benfazer - o que o não impedia de ser, muita vez, injusto e agressivo até com os seus melhores amigos.

Fisicamente, era o que se chama um belo homem. Nada de distinção, porém, - um belo macho. Tinha o porte gracioso, embora fosse mal cuidado no vestir. Seu olhar era sobranceiro e dominador, e sua fisionomia, por vezes dura, dava-lhe uma aparência de rudeza - of savage looking man, como dizia Napier.

Sua mulher, aquela infeliz imperatriz Leopoldina, era o contraste do marido. O que tinha este de excessos, tinha ela de faltas. Da educação religiosa de Schoenbrunn, resultara uma mulher profundamente pacífica, obediente, sem grandes exigências nem grandes vaidades. Era de uma simplicidade quase rústica; e generosa, a seu modo, sem ostentações nem espalhafatos.

História de D. Pedro II, 1825-1891 volume 1º  Ascensão, 1825-1870 - Página 57 - Thumb Visualização
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