Não há, hoje, país civilizado que lhes não dispense atenção e desvelo, pelo que rendem e prometem. As grandes nações gastam neles milhares de contos. Dentro de seu reino trabalha, agora, a serva de mil interesses, e amanhã, o préstimo da obreira abrangerá a humanidade.

Encarando com simplicidade o que há, o que sentimos em toda parte, podemos reduzir o universo a — Nós, os Outros e o Ambiente. Deste último, o que mais nos interessa, agrada ou importuna, é a atmosfera. Daí, a importância incontrastável da meteorologia.

Nós, brasileiros, não nos apercebemos dessa importância, o que está longe de provar o contrário, pois há tanta cousa relevante de que não cuidamos. Outrora, a filosofia esteve em certa graça, mais consentânea com o nosso prurido de generalização, porém, logo feneceu. A ciência, essa, está quase sempre em desgraça. Um pouco matemáticos, mercê do "mal de Comte", e, de sobra irreverentes, parece havermos feito nossas, aquelas pitorescas definições das duas cousas, para delas nos livrarmos: a ciência não é senão o meio de se aprender cada vez mais de cada vez menos, até se saber tudo sobre nada; e a filosofia, o meio de se aprender cada vez menos de cada vez mais, até se saber nada sobre tudo... Mas isto vem de longe. Escusado clarear águas a jusante, quando a turbidez vem de montante.

Será inútil, todavia, a crítica. Reconhecida a disfunção — se é que não seja cousa mais grave — urge procurar combatê-la. Somos mestres no diagnóstico e imaginosos nos prognósticos, mas nunca cuidamos da terapêutica, ou quando dela cogitamos, é para ministrá-la com os implementos dos primeiros — o verbo, justamente o maior tóxico, a pior cocaína para a mentalidade brasileira. Dizia um frade sincero que o melhor escapulário contra o pecado da carne não é o imperativo moral, mas a fuga à tentação. Encerra enorme sabedoria esse conselho, em aparência, banalíssimo. O Brasil, em tudo e por tudo, precisa recorrer à terapêutica preventiva do bom frade. Nada de preceitos, injunções e