Rumos e Perspectivas

No rigor prolongado do verão, o homem tambem continua. O gado muge com sede, acorrendo à fumaça dos facheiros. As folhas rígidas do joá ou então os chique‑chiques e mandacarus suculentos e chamuscados sustentam as derradeiras boiadas; o mel silvestre alimenta o pastor insistente. O boi acaba com as orelhas em látegos e a focinheira sanguinolenta de colher a comida nos espinhos. O sertanejo, opilado e lamuriante, extrai a goma do \"pau de mocó\" e esmói a raiz da macunâ, sarmentosa que o envenena. As abelhas zoam nas cacimbas, as pombas de arribação abatem-se aos milhões e os morcegos pululam, inanindo as reses...

Retarda-se o sertanejo. Aguarda para além do equinócio de março os aguaceiros providentes, temporâneos e tardinheiros. Ele está certo que naquela terra rapada e triste há-de correr o maná da Bíblia. É a sua tradição desde 1710-1711, a primeira estiagem que afligiu os avós. O momento chegará, porém, em que o onipotente contra-regra há-de transformar o cenário. E se tardar, é porque o há-de fazer mais depressa, razão para ele aguardar o suntuoso decorar de Flora na magia da Abundância. Na inconstância dos sexos dir-se-ia predisporem-se os fundamentos paradoxais da