mal, sacerdotisas do amor, reclinadas na rede, ou na esteira, comendo com a mão, descoifadas, ou chupando tabaco, com o galho de arruda no seio e aleitando a pirralhada...
A religião tinha vindo ao Brasil através da religiosidade peninsular. Mas aqui perdeu o sinistro das suas práticas luso-espanholas para ganhar alegria, adequando‑se ao espírito desleixado das massas mestiças mais amigas do batuque, foguetório e repiques dos sinos, que das subtilezas e frialdades do dogma. As imagens conservavam os atavios italianos, rendas e chamalotes, com altos resplendores e joias mundanas, e a elas vinham navegantes escapos trazer o pano da barcaça, outros devotos velas, modelos em cera e quadros de pintura arquiprimitiva. Poucos sons de órgãos nas naves e muita música de pancadaria nos adros. Pedinchar para as confrarias constituía uma indústria e ocupava uma legião. O Purgatório, a Misericórdia, Jerusalém e o \"Santíssimo\" apojavam pela voz de esmoleiros a credulidade geral. A preguiça da zona tórrida, a complacência das espórtulas a cada passo e as grossas somas reparativas das verbas testamentárias haviam permitido o estabelecimento de conventos que continuavam a prosperar, com latifúndios dotais, explorados pelos inumeráveis escravos de