Rumos e Perspectivas

criatura, devorada por um desgosto pungente, que se mascara. Que o sofrimento secreto se abafe no percuciar das páginas sorvidas e decifradas. Adormecer-lhe-ia o mal, ao emoliente das ideias exprimidas pelos cérebros alheios. Por essa época, deveriam ter-lhe jorrado da pena as estrofes do Paraíso dos medíocres...

O pessimismo acende aspirações iniludíveis no azedume do incontentamento. É áspero e desagradável, quem o não conhece? Contém, não obstante, nas formas luciferinas da vesguice, do negativismo e da maledicência, a ânsia dos que desesperam no calamitoso e no impossível. O otimismo é deleitável, empacha a alma de bem-estar e de esperanças estapafúrdias. O pessimismo tem o amargo dos bons aperitivos e a expressão nobre da fúria dos que combatem sós. O pessimismo é a crispação dolorosa de um nervo; o otimismo, a névoa, a gordura, o sonho, a embaçadela rósea. Definem-se os processos antagônicos, não somente na direção dos seus excessos, como nas suas verificações posteriores. O futuro é o único juiz de suas visualidades. A falência do otimismo destroça a alma, mandando reconstruir o ideal com os restos de outros. O desmantelo de utopias benévolas tem levado muita gente à insânia.