Reservas de brasilidade

a tudo isso a vantagem de haver lugar no deque superior para pendurar as redes. Sim; viajar naquelas paragens sem este atributo essencial ao repouso é uma grande asneira, praticada somente pelos esnobes, que não se identificam com o meio. Foi essa a razão por que, ainda em Belém, lembramos os tempos da meninice e adquirimos uma rede bem confortável.

Navegamos na largura da Baía de Guajará por algum tempo, buscando os célebres estreitos de Breves. Ninguém poderá manifestar em palavras o entusiasmo desbordante de quem navega pelo Furo da Jararaca, parte importante dos afamados estreitos. O vapor comprime a vegetação luxuriante das margens e a sua altura se apequena ao pé da grandeza dos indivíduos vegetais que surgem a cada momento. De vez em quando uma habitação lacustre e a mata perfumosa a se esmaltar no arco-íris das flores e catleias. Tem-se a impressão de um passeio fantástico, marcado pela cadência prosaica do resfolegar das máquinas de bordo. É um dos mais encantadores recantos do mundo. A natureza circundante imprime um selo de respeito nos visitantes; a máscara fisionômica adquire um ar de família, inconfundível. É que, em momentos de grandes emoções, todas as criaturas irmanam-se e a emotividade produzida pela natureza tem o cunho especial da grandeza e do mistério. Alegria, perigos, entusiasmos, aproximam os elementos mais contrários. Depois de passar os Estreitos de Breves, entra-se na amplitude líquida do Amazonas, onde as verdadeiras margens nem sempre são vistas; o que se enxerga são

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