Reservas de brasilidade

ilhas, ora de um bordo ora de outro. A praticagem procura geralmente os braços navegáveis, fugindo à resistência da corrente, mormente subindo o rio, que em certos lugares, se fosse enfrentado no canal, retardaria por longo tempo a marcha.

O rio, visto do alto, é uma vastidão, semeada de ilhas, canais, braços, furos, paranás... Há, entretanto, momentos em que a vastidão do rio se desnuda; nesses momentos as margens fogem no horizonte e a impressão é quase semelhante a do mar. Só uma coisa a desmente: é que então não se sente o embate das ondas. O vapor sobe trepidando, num esforço titânico para vencer a corrente portentosa e parece não se mover do lugar.

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A navegação a vapor no rio Amazonas e seus afluentes usa somente um combustível — a lenha. A parada num porto de lenha, cujo ponto é divisado ao longe por causa das grandes pilhas de madeira arrumadas à beira d'água, é muitas vezes um divertimento. O vapor atraca no barranco marginal e são lançadas as pranchas (geralmente duas) para o serviço. Por uma das pranchas entram os carregadores e por outra saem. É edificante observar o trabalho, o maior desmentido à propalada preguiça do nosso caboclo; raro é aquele que não entra no barco carregado "como um turco", recurvado ao grande peso da carga. E o serviço é feito com tal agilidade e presteza que num momento a maior mole de madeira passa para o bojo da embarcação. Os

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