Reservas de brasilidade

estivadores são sempre sertanejos, autóctones; tipos de musculaturas perfeitas e de envergaduras respeitáveis. Para eles o trabalho rude é o episódio comum de todos os dias. Fazem o serviço cantando e pilheriando, apostando destreza entre si, inspirando orgulho aos brasileiros que os observam. Roosevelt assistiu aos mesmos episódios de resistência e boa vontade para o trabalho entre os nossos homens do interior, quando viajava com o General Rondon, e teve a seguinte frase: "Um povo semelhante, tendo tais homens, está destinado ao mais brilhante futuro..." O que admirou ao estadista norte-americano também foi surpresa para nós; viajando nos altos rios tivemos oportunidade de assistir a atos de verdadeira bravura dos nossos patrícios, mesmo quando mal alimentados e tremendo de febre... O que nos diziam, entretanto, lá nas cidades civilizadas, era o contrário: para os tais visionários de gabinete o sertanejo do Brasil é um vencido imprestável. Dá-se, mui naturalmente, tanto no Amazonas como em qualquer outro lugar, tanto do Brasil como do mundo, o fenômeno da seleção natural — persiste o forte, o outro é eliminado. No Amazonas não existem homens fracos; se a natureza grandiosa amesquinha o homem, este, por sua vez, para poder persistir tem que se encouraçar, tanto física como moralmente. Não há meio termo numa luta em a qual o homem encontra a terra imatura. Essa a razão por que contradigo a ideia corrente classificadora do homem daquele habitat como inferior. Ao contrário. Tudo ali se conjuga para mais fortalecer o material

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