pelo Levante nas regiões clássicas das especiarias. Portugal daria a volta à África em demanda da Etiópia onde imperava o piedoso e lendário Preste João.
A tomada da praça moirisca abre um período de navegações e empresas, que principia pelo transtorno das velhas noções da geografia do mundo.
Os cruzados, que, vezes sem conta, na cabotagem morosa tinham escalado em Lisboa, só queriam a Terra Santa, o fundo do Mediterrâneo, a ilustre paisagem bizantina das civilizações extintas e superpostas.
Menos sonhador, D. João I preferira oferecer combate aos sarracenos defronte de Espanha, levando-lhes, ao chão adusto, a réplica portuguesa de várias invasões cruéis. Na aparência, costeava, como os antecedentes, o litoral conhecido de todos os nautas, desde fenícios e púnicos que por ali edificaram colônias ricas. De fato, tangenciava Marrocos, hesitando, em face do Atlântico, a sua curiosidade imensa. O avanço, terra adentro, exigiria novas tropas, sacrifícios enormes: e o mar azul e tentador? Não podia gastar em ociosas meditações o seu tempo cheio: ninguém mais próprio para fazer delas a razão da vida do que o infante D. Enrique, seu quinto filho.
OS ALTOS INFANTES
A epopeia de Ceuta pertence ao mesmo espírito de Aljubarrota: é troféu de D. João I. As expedições náuticas, que se lhe seguiram, foram inspiração e sabedoria de D. Enrique, o maior animador de empreendimentos marítimos que houve no século XV.
Camões chamou aos filhos do Mestre de Aviz "altos infantes"? da "ínclita geração". E foi justo. Não se pode apartar da influência que exerceram, no aumento