do Diário da Viagem - e voltou a São Vicente. Deparou aí João Ramalho, tão identificado com os goianazes como Caramurú com os tupinambás, e lançou os fundamentos de uma verdadeira colônia, a primeira que se construiu à boa maneira portuguesa. Uma vila não chegava; levantou outra na fronteira margem da ilha de São Vicente. Era a porta do Brasil. A civilização franqueou-a, para ganhar o interior, planalto acima, desdobrando-se sobre os campos que se estendiam, abertos, até às paragens espanholas, o Paraguai ou o Peru; no norte, igual papel desempenharam as feitorias da Bahia e de Pernambuco. Em sentido divergente alargaram o meridiano português: o limite de Tordesilhas foi burlado ainda em 1530. Experimentava-se a necessidade de dar à possessão uma fronteira natural considerável. Por isso Martim Afonso - como Cristovão Jaques - costeara o Brasil até o Prata; por isso as navegações para o norte procuraram progressivamente o amazonas, "mar dulce" de Ojeda, que os castelhanos do Peru desceram primeiro. A definição do país antecedeu ao seu aproveitamento; às expedições de contorno se seguiram as de fixação. Em 1530 Martim Afonso fazia cartografia, em 1534 criou o Estado. Mercê da sua viagem, por muito tempo se chamou "do Brasil" a margem esquerda do rio da Prata: assim a cédula real, de 1594, para "poblar un pueblo en esas províncias a la banda del Brasil"(1)Nota do Autor.
CAPITANIAS
A divisão em capitanias era uma lembrança feudal ajustada ao sentimento do tempo. Os fidalgos pobres do reino disputavam alguma senhoriagem