a capitania ao seu donatário, fez edificar oito engenhos, e tanto foi roubado pelo feitor (que depois se estabeleceu no recôncavo com engenho próprio) como pelos aimorés, que tudo perdeu. Entretanto, próximos daquele floresceram outros engenhos, de colonos. Em Porto Seguro o duque de Aveiro, que adquiriu a capitania a seu dono, igualmente mandou construir vários engenhos, que pereceram. Vasco Fernandes Coutinho, donatário do Espírito Santo e homem opulento, inverteu a riqueza granjeada na Índia em engenhos poderosos e, de tal forma lhos atacou o gentio, que morreu sem lençol para a mortalha. Desgraça maior ocorreu ao capitão da Bahia, que gastou numa boa frota a sua fortuna, começou dous engenhos, teve-os demolidos pelos tupinambás e acabou trucidado por eles, após um naufrágio, na ilha de Itaparica.
Pernambuco e São Vicente prosperaram, porque a inteligência dos seus povoadores se aliou o interesse dos negociantes. A cana-de-açúcar, transplantada "das ilhas da Madeira e do Cabo Verde", dera tão bem ali que não reclamava rega, nem terra alta, nem adubo, como nos sítios de origem (1)Nota do Autor. Passaram a ser duas grandes estâncias de açúcar: e de tal forma a lavoura progrediu, que em poucos anos os pobres colonos que vieram com Duarte Coelho eram homens abastados, perdulários e magníficos, dissipando com os seus cômodos uma renda pingue, que de ano a ano se renovava com as safras crescentes. Criara-se uma riqueza-padrão e, consequentemente, uma aristocracia colonial (2)Nota do Autor. O lucro do açúcar foi espantoso, porque à simplicidade da indústria, com o tosco engenho de água ou o de "trapiche" movido por bois, se juntava