Viagem ao Araguaia

parecem irrespondíveis: as cachoeiras do Tocantins e o deserto das margens do Araguaia.

Entretanto, estes argumentos de nada valem.

Não se trata de saber se a navegação é ou não dificultosa; trata-se, sim, de sua conveniência. Quando é que um meio comercial qualquer convém? Todos sabem que é quando deixa lucro. Desde que se demonstre que o transporte por via do Araguaia é muito mais barato do que outro qualquer meio, está demonstrado que o Araguaia é o melhor dos meios de transporte.

Falar em cachoeiras, em praias desertas, é pedantismo próprio de quem não vê as questões por sua verdadeira face.

Eu, que sou consumidor, que me importa se o ferro que eu compro custou a quem o conduziu muitos trabalhos e lutas? Para mim a única questão interessante é a do preço do ferro.

Se, por via do Araguaia, compro-o por preço inferior ao que compraria por meio das estradas do sul, o Araguaia me deixa um grande benefício.

Por outro lado, o transportador põe em linha de conta todos os trabalhos por que passa, e se, mesmo assim, ele vende o frete, por via do Araguaia, mais barato do que por via das estradas do sul, claro fica que é por lhe fazer conta.

É o que justamente acontece.

Com todas as dificuldades que existem atualmente na navegação do Araguaia, e que serão removidas desde o momento em que a navegação se estabeleça mais regularmente, a arroba chega muito mais barata, vinda do Pará, do que do Rio de Janeiro.

Fiz um cálculo minucioso destas despesas, e aí o deixo, a fim de que o leitor aprecie cada um dos dados em que me baseei: