Viagem ao Araguaia

nos reuníamos na sala de jantar. O Ferreira Dias palpitava de entusiasmo lendo o Lamartine, V. estudava história pátria como um fanático, gesticulava repetindo os enérgicos discursos fervorosos da época da independência; eu passeava de um lado para o outro, com uma gravidade tudesca, estudando o alemão. Éramos três entusiastas fardados diversamente. Nossa vida era então um agitar constante: ora escrevíamos artigos de política, ora discutíamos, ora corríamos apressados para as aulas, passeávamos, fazíamos ginástica, jogávamos espada, líamos poesias, exercitávamo-nos na conversação francesa... era um constante agitar. Pois bem, assim como foi a nossa vida de calouros, continuou a minha, com a diferença — a confusão e o labirinto não já eram tão alegres, mas eram sempre — tantos ou mais não complicados.

Foi no meio desse remoinhar que eu escrevi o opúsculo intitulado Destino das Letras no Brasil, que escrevi os Traços biográficos sobre os poetas acadêmicos e outras coisas que estão inéditas. Nas férias de 1858 e 1859 deu-me a veneta de escrever romances. Eu estudava então o português e assentei de escrever um pequeno ensaio em estilo quinhentista — foi o conto \"O estudante e os monges\", que publiquei na Revista Acadêmica; concluí aquele original tipo que havia começado quando morávamos juntos, isto é, o Dr. Calmirú, e escrevi o que agora publico.\"

\"Despretensioso\", é, contudo, o conto aludido, um trabalho de merecimento; pena é que o autor não