e foram aceitas pela assembleia geral de acionistas, a despeito da guerra que lhe moveram interesses particulares.
A feição porém que nos é mais simpática é a do escritor nacional que traçou dois trabalhos preciosos: a memória sobre a "Revolução de Minas em 1720 e a Execução de Felippe dos Santos" e seu livro O Selvagem. Naquela, o distinto historiador arranca do esquecimento e liberta do anátema da história oficial um dos mais interessantes episódios de nosso passado e assinala o primeiro movimento revolucionário e a origem de nossa independência política.
Infelizmente é O Selvagem menos conhecido entre nós que na Europa; lá foi traduzido para as línguas francesa, alemã e inglesa, e é tido em alta consideração pelos sábios. O ilustre professor Gubernatis fez, em italiano, um longo resumo, e tece-lhe os maiores encômios.
Em O Selvagem, o dr. Couto de Magalhães ostenta um erudito de fina água e filantropo dos mais acrisolados. Estudando a língua tupi, discute com admirável critério as mais difíceis questões da linguística e sustenta, com boas razões, a maior antiguidade do tupi, que é o sânscrito. Dá a morfologia desse idioma, analisa-lhe as belezas e riquezas e registra-lhe as lendas, prestando um enorme serviço nesse ponto. Discutindo os costumes, a religião e a origem do indígena brasileiro, traz para a antropologia valiosos dados e fatos novos de um interesse extraordinário, pois assim deve-se reputar tudo que nos narra o ilustre viajante, do que observou entre os costumes e instituições dos Caiapós, Guatós e Xambioás. As descrições topográficas, botânicas e geológicas são contribuições reais para o estudo físico das regiões percorridas pelo general Couto de Magalhães.