Por nosso turno, não as alteramos também, limitando-nos a corrigir os erros tipográficos da última edição e a uniformizar, quanto possível, a ortografia do livro.
O autor muito propositalmente não quis rever suas notas de viagem, receando apagar dessas páginas o vivo entusiasmo com que as traçara no tempo da sua mocidade. O general Couto de Magalhães, com efeito, contava apenas 24 anos de idade, quando, empossado da cadeira presidencial, na província de Goiás, resolveu empreender essa primeira viagem de exploração aos sertões do Brasil Central.
Administrador daquela longínqua e opulenta província brasileira, um dos primeiros cuidados do general Couto de Magalhães foi estudar a questão de transportes, que se afigurava de máxima importância para o futuro de Goiás. E isso mesmo ele repetiu à assembleia provincial, em 1863, chamando para esse ponto a atenção dos legisladores.
Para escoadouro dos produtos da província, era a própria natureza que indicava as vias de transporte: para o sul, o rio Taquari; para o norte, o Araguaia e o Tocantins.
Depois de aturados estudos a respeito destes dois últimos rios, chegou o jovem administrador à conclusão de que a navegação ao Araguaia era preferível à do Tocantins, para pôr Goiás em contato com os centros comerciais de Mato Grosso, Pará e Maranhão.
Estabelecendo a navegação no Araguaia, o general Couto de Magalhães tinha em vista não só facilitar as comunicações entre Goiás e os centros produtores das províncias já referidas, como também — e esse era o ponto gigantesco do seu patriótico projeto — ligar a foz do Amazonas à do Prata, aproveitando, no sul, para esse fim, a navegação do Taquari.
No capítulo II da parte primeira deste livro — O Araguaia debaixo do ponto de vista comercial —, o autor expõe o seu projeto, destruindo as objeções em contrário.
Ao lado desse plano, figurava o da mudança da capital de Goiás para Santa Leopoldina, à margem do Araguaia, projeto que o general Couto de Magalhães advogou com grande interesse, mostrando as vantagens que dali adviriam para toda a província, conforme explica longamente no capítulo I, intitulado \"Mudança da capital\".
Durante muitos anos, a navegação do Araguaia foi a preocupação do ilustre brasileiro, já na presidência de Goiás, já na de Mato Grosso e do Pará.