Viagem ao Araguaia

O VIAJANTE — Ninguém, entre os contemporâneos, viajou tanto como ele pelo Brasil. A sua primeira grande viagem efetuou-se em 1862, quando foi tomar posse da presidência de Goiás. Seguiu do Rio para Diamantina, e, partindo daí, atravessando Gouveia, Curvelo, o sertão do São Francisco, Patrocínio, Bagagem, o rio Paranaíba, Catalão (onde encontrou Bernardo Guimarães como juiz municipal, ganhando 50$000 por mês), Bomfim, Curralinho, chegou à capital daquela província, após um percurso de 400 léguas a cavalo, transpondo importantes cursos d'água em canoa ou a vau. Dois anos mais tarde, vindo da presidência do Pará, chegava ainda a Goiás, com 800 léguas de caminho, seguiu para Cuiabá e dali para o Corumbá, como presidente de Mato Grosso e comandante em chefe das forças que expeliram os paraguaios do solo brasileiro.

Percorreu então inúmeras vezes, como ele próprio narra, as imensas solidões dessa região, ora a cavalo, ora a vapor, ora em escaler, ora na ligeira canoa do índio guató, para poder andar em lugares mais ínvios e menos expostos às balas, ou à vigilância do inimigo.

Por isso, ele afirmava que as suas excursões pelo interior do Brasil não eram inferiores às do Anhanguera, o descobridor de Goiás e Mato Grosso. Tais viagens resumia-as, a traços longos, no seguinte: diversas vezes, saindo do Rio, seguindo por Minas até Goiás e dali, descendo os rios Vermelho, Araguaiaa e Tocantins, chegou à capital do Pará; outras vezes, saindo do Rio, atravessando São Paulo, Minas, Goiás, Mato Grosso, a República do Paraguai, a Argentina e o Uruguai regressou ao mesmo Rio.

Juntem-se a isto várias viagens à Europa, onde, de uma feita, residiu quatro anos em Londres. Na África, conheceu Argel, donde, em 1892, convalescente de triste