enfermidade, mandou curiosas cartas descritivas para o Jornal do Commercio.

Dos homens vivos no seu tempo — escreveu ele com razão —, nacionais ou estrangeiros, foi o que mais viajou à nossa terra e um dos que mais viram a humanidade na paz e na guerra, na fome e na peste, na luta mais apertada pela vida.

"Desde o indio nu e antropófago do Araguaia, desde o soldado enfurecido com o sangue dos combates, até a sociedade mais aristocrática e culta do West End de Londres, quantos e quantos milhares de situações e caracteres não têm sido postos diante de meus olhos?!"

Viajava lentamente, colhendo fatos e observações, adquirindo conhecimentos científicos e práticos sobre todos os assumtos. Levava vida de perfeito sertanejo, adotando, para melhor assimila-los, os costumes dos vaqueiros, pescando, caçando, metido em pântanos ou florestas alagadas, afrontando animais ferozes e os temíveis mosquitos do baixo Paraguai. Muitos de seus companheiros nessas excursões morreram de febres e desastres.

Quando presidente do Pará, subiu o rio Tocantins em vapor que adrede mandara construir e, explorando um canal denominado Inferno, naufragou, perecendo afogados vários tripulantes.

Salvou-se Couto a nado, depois de lutar três horas entre a vida e a morte. As folhas da época referiram minuciosamente o sucesso, do qual numa pedra da cachoeira se gravou, por ordem dele, sucinta notícia.

As noções e os dados assim coligidos estampou-os em valiosos escritos e transbordavam da sua encantadora conversação.

Viajante emérito, a Couto de Magalhães cabe a fama dos Levingstone e dos Stanley, suficiente para perpetuar o seu nome.

O EXPLORADOR — Deve-se a ele a primeira exploração do rio Araguaia feita por profissional, missão que, como presidente de Goiás, confiou ao engenheiro Valée, o qual a desempenhou de modo satisfatório, apresentando a planta daquele rio e a do Tocantins.

Estabelecer fácil caminho fluvial entre Mato Grosso, Goiás e Pará; comunicar a bacia do Prata com a do Amazonas, realizando um pensamento do marquês de