Viagem ao Araguaia

Os comerciantes devem fornecer quanto se necessitar de fazenda para a expedição, inauam, algodão para o vestuário dos que dele precisarem para o sertão, toldas, marmitas, caldeirões, panelas de ferro, pregos, anzóis, pois que se interessam na venda de suas mercadorias e cobrança de suas dívidas.

Os lavradores deverão concorrer com o mantimento preciso, que é milho, feijão, arroz, farinha e toucinho, pois que, havendo descoberta de ouro, se transformam em mineiros, para desfrutarem, além de venderem o seu mantimento aos outros por altíssimo preço. Os fazendeiros de gado deverão assistir com os bois, já domesticados, para a carga e condução do trem da expedição e com a carne seca precisa, dando juntamente algum de seus vaqueiros para lidar com o gado no sertão, pois também são interessados nas introduções de boiadas, carne seca e sebo para as novas descobertas, e tudo por alto preço.

Os que tiverem menos de doze e o resto do povo deverão contribuir com certo estipêndio por cabeça de escravos que com eles fiquem, só por uma vez, para pagamento do cabo maior encarregado e de alguns escravos, que deverão nessa expedição ir assalariados.

Este é o único meio de fazer, segundo me parece, este tão decantado descobrimento e para o qual devem todos concorrer. Ainda não disse de que indivíduos se deve compor a expedição, tanto a respeito de seu número, como dos meios de o haver, sem detrimento do real serviço nos presídios.

É certo que nem todos são capazes de empresas de sertão; mas também é verdade que muitos, considerados ineptos na sociedade, são águias na campanha. Os aventureiros desta empresa não devem ser escolhidos senão pelo cabo encarregado e que com eles tem de lidar pelos desertos e incultos sertões e por isso precisamente se não deverão enviar tantos homens, isto é, milicianos, paisanos