Viagem ao Araguaia

para as cargas da condução, do municiamento de boca e, mesmo, de alimento, quando a necessidade pedir, e ainda melhor, porque já no Cuiabá está muito em uso domarem os bois para carga, e estes, mansos, são mais seguros e valentes que as mesmas bestas; e como a viagem de sertão nunca excede a jornada de duas léguas, cômoda e facilmente poderão conduzir aprestos, utensílios e instrumentos de minerar.

Estas são as vias de procurar ouro, rumo do norte de Cuiabá; restava-me apontar aqui o método de fazer em poucas horas muitas e muitas provas na campanha; como, porém, de propósito, tratei desta matéria em outra memória, que também apresento, a ela me reporto.

Segue-se expor meu sentimento a respeito da despesa que necessariamente se tem de fazer com esta expedição.

Na mesma memória mencionada, propus o meio de que então me lembrei, de agregar sertanejos para entrar no sertão das três capitanias de minas do Cuiabá, a conjuntura dos tempos, e, afinal, a possibilidade dos atuais moradores; e por isso digo que os interessados nessas expedições, aliás, bandeiras, são a Real Fazenda, os homens mineiros de escravatura, comerciantes, lavradores, criadores de gado vacum etc.

A Real Fazenda, que se interessa pelos direitos que pagam as minas — pois quanto mais ouro se extrair, tanto mais aumentarão os quintos desse ouro —, parece-me, não será muito se assistir com o armamento, pólvora, chumbo, pedras de espingarda e sal.

Os mineiros que possuírem mais de doze escravos deverão dar um de cada doze que possuem, que virá com a ferramenta de minerar. Estes servirão para o trabalho, pelo conhecimento que têm de minas, e os seus senhores deverão ser os mais interessados nos descobrimentos de sua profissão, e não é muito que deem os escravos precisos.