Santos e viagens: um estudo da vida religiosa de Itá, Amazonas

de algumas práticas ou de rituais, e às teorias que procuram explicar as origens dessas manifestações culturais. Exceto em alguns romances de feição original, de que destacamos o excelente Marajó, de Dalcídio Jurandir, e ensaios, notadamente os de Veríssimo, crenças, instituições e hábitos religiosos do caboclo têm sido descritos sem referência à vida quotidiana do povo e sem a necessária análise do meio social e das relações entre as instituições religiosas e as outras que compõem o todo cultural. Ideias e conceitos são apresentados como elementos espúrios, desligados de sua função dentro do sistema religioso e do papel que realmente desempenham na vida do caboclo.

Na coleta do material, utilizamos os clássicos métodos da antropologia, cuja base reside no contato direto e prolongado do investigador com a sociedade estudada, nas entrevistas pessoais e na observação participante. Ao interpretá-lo, no setor da vida religiosa não nos preocupou tanto o aspecto psicológico ou a gênese folclórica de crenças e atitudes, porém a sua função social. Buscamos ver até que ponto a religião do caboclo de Itá é condicionada por fatores socioeconômicos, peculiares a essa sociedade rural, e como ela atua no todo dessa cultura regional.

O professor Charles Wagley acaba de publicar Amazon town(1) Nota do Autor baseado sobre o mesmo material de campo, porém abrangendo a cultura total dessa comunidade. Nele está incluído um capítulo sobre a vida religiosa, que é aqui o assunto central. De nossa parte, recorremos ao seu material para a descrição da vida econômica e social de Itá. Evitamos por desnecessário, em vista dessa explicação inicial, referências diretas àquele trabalho. Queremos agradecer ao professor

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