O positivismo na República: notas sobre a história do positivismo no Brasil

da situação, a fim de proclamar-se chefe da República - "surgida espontaneamente" a 15 de novembro... José Maria dos Santos julga, (embora não nos pareça inteiramente justo seu juízo, ele é, no entanto, sugestivo) que "o que tentou os republicanos históricos no sistema de Augusto Comte foi sobretudo a sua orientação ditatorial. Ela vinha exatamente servir à tática partidária por eles adotada no combate parlamentar"(9). Nota do Autor Todavia, não menos exato é o que ainda escreve este mesmo autor, quando refere que "a grande maioria deles (dos republicanos) composta de indivíduos rudimentarmente providos de cultura geral, não estava em condições de aprofundar muito a doutrina, nem mesmo de ler, com real proveito, os livros do filósofo de Montpellier, encontrando-se na mesma situação intelectual os oficiais de tropa que depois se lhes juntaram".(10) Nota do Autor Aliás, frequentemente, Miguel Lemos e Teixeira Mendes fazem referência à "insuficiente assimilação" da doutrina entre os seus próprios partidários. E é preciso acrescentar que estes circunspectos apóstolos não costumavam usar, com frequência, da ironia...

Mas, num meio como o nosso, em que os intelectuais estão afastados do povo, em que este se encontra amorfo, iletrado, presa fácil dos aventureiros a "ditadura republicana e científica" pregada pelos apóstolos positivistas não encontrava possibilidade de vingar. Compreende-se, pois, que era fácil converter à República, "prendendo-os pelos interesses materiais", os mesmos homens que haviam dirigido a monarquia, os únicos capazes aliás, graças à experiência dos negócios do Estado, de dirigir o novo regime. Pouco a

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