INTRODUÇÃO
Estas ligeiras notas para a história do positivismo no Brasil constituem modesta contribuição para o estudo da história das ideias no nosso país. O que ora nos leva a dar-lhes publicação é o desejo de sugerir aos moços um mais decidido interesse pelos problemas e questões que se relacionam com a história das nossas ideias. Evidentemente, esse interesse não deve ser exclusivista, considerado sob o prisma deformador de uma estreita concepção nacionalista. Isso não seria razoável, menos ainda em se tratando do nosso caso, do caso brasileiro.
Como muito bem diz o Prof. Joaquim de Carvalho, "jamais povo algum conquistou a sua personalidade espiritual confinando-se dentro de muralhas, nem robusteceu a sua vitalidade com a assepsia de todos os alimentos; mas também povo algum afirmou a sua capacidade intelectual importando o pensar alheio, nem progrediu com o estímulo frígido do cosmopolitismo. A constituição de nossa cultura filosófica, como traço de conexão da nossa mentalidade e dos nossos problemas com o pensamento universal e com concepções acrônicas e atemporais, que tecem a História da Filosofia, tem de arrancar do nosso substrato e de se exprimir com a fala com que nos entendemos. Com vacilação ou com ânimo resoluto, temos de partir de nós mesmos, e bem firmes nos problemas e anelos da nossa consciência intelectual, empreender a custosa tarefa de os esclarecer racionalmente com o alento da nossa maneira de ser e de olhos fitos no conhecimento científico e respectivas pressuposições e implicações(1). Nota do Autor