O positivismo na República: notas sobre a história do positivismo no Brasil

e habilitam o juízo para resoluções sãs, fortalecem os intuitos nobres cuja cultura é dever de todos, mas sobretudo de homens públicos, e reprimem os instintos grosseiros e pessoais, que são sempre, quando exagerados, um grave perigo pessoal e social.

Foi por ter sido sempre econômico e metódico na minha vida que pude atender ao interesse público com prejuízo do meu particular. Foi também por ter hábitos de modéstia e de abnegação, bons esteios da mais nobre moral, que recusei postos brilhantes e as mais altas situações na política interna, para as quais não estava preparado.

Vou regressar à obscuridade da vida privada com a mesma calma, simplicidade e firmeza com que entrei para a vida pública e ocupei altos postos por ordem e determinação de amigos que tinham responsabilidade da direção política do país.

Como este ofício é uma espécie de testamento de quem muito viu e ouviu, na capital do Ocidente, sobre os homens e as forças morais que os governam, devo dizer que um diplomata vale socialmente pela mulher que tem. Numa longa experiência pessoal de mais de um quinto de século que raros conseguem num teatro excepcional como este, afirmo que, sob o aspecto social, minha força veio de minha mulher, que mereceu a estima das mais nobres damas do mundo republicano em França. Sendo sabido de todos que a mulher é a fonte de toda moral e que a família é o núcleo fundamental da sociedade, cumpro dever sagrado pondo meu Governo de sobreaviso sobre funcionários diplomáticos sem família, divorciados, mal casados e em perpétua anarquia doméstica. Tais homens envergonham e põem em perigo o Brasil. Nunca houve negócio de dinheiro na Legação do

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