o que pôs o corpo diplomático em sérios embaraços. Suportei alegre este sacrifício em bem das finanças do meu país por ser econômico e modesto em meus hábitos e por ter pequenas economias feitas na minha mocidade.
Há entre diplomatas e falsos amigos seus uma noção de necessidade de luxo e de vida larga para todos que entram nesta carreira. É grave erro de apreciação, que resulta da ignorância da responsabilidade real que pesa sobre os ombros do representante oficial de um país no estrangeiro, perante governos com interesses antagônicos aos da sua própria pátria. É de moral e de patriotismo, e não de luxo, que necessita o diplomata. Em qualquer caso que possa surgir nas relações internacionais é necessário que o diplomata seja homem livre na resolução e na ação, independente do adversário na concepção e execução dos seus planos.
Pois bem, a economia é um dos mais poderosos elementos de conduta correta. Pode-se viver com pouco dinheiro, mas não se pode bem servir o seu país com pouca moral. Cumpre ter forte moral privada, doméstica e cívica. Os diplomatas de Frederico, o Grande, não viviam largamente mas tinham rara atividade e serviam o seu país com fidelidade e ardor, pois possuíam como o eminente chefe político e estadista que os empregava, fibra forte, sentimento de patriotismo e grande abnegação. É, pois, a economia uma grande virtude na diplomacia, como em outras carreiras, um dos alicerces da pureza da conduta de um homem rodeado de todos os perigos e seduções, que cercam o diplomata na sua vida social no estrangeiro. Os hábitos de economia, método e ordem na vida, e a independência deles resultante, preparam