sobre a sobrevivência religiosa gêge-mina do "costume do inhame". Contribuição essa resultante de demoradas e eficientes pesquisas nos centros religiosos dos negros pernambucanos.
Se há um tema palpitante e atual é o do sincretismo religioso afro-brasileiro. Se as sobrevivências materiais dos negros brasileiros não têm conseguido resistir ao tempo, outro tanto não podemos afirmar de suas manifestações espirituais, sobretudo de suas sobrevivências religiosas. Declara-nos, com muita razão, o antropologista René Ribeiro: "Condições mais adversas do que as prevalentes no Novo Mundo não se pode imaginar e, no entanto, não foram elas capazes de apagar dos escravos negros e seus descendentes as crenças e motivações religiosas que prevaleciam em suas culturas originais, como foco dessas mesmas culturas".(1) Nota do Autor
Depois de um capítulo inicial, onde o professor Waldemar Valente traça, numa bem elaborada síntese, o quadro da evolução dos estudos negros no Brasil, capítulo que aconselharia que o seu autor transformasse, ampliando-o, num ensaio, com feição didática, para uso de seus alunos das Faculdades de Filosofia, tal a clareza e o eruditismo da exposição, aborda o mestre pernambucano o assunto que é o tema central do livro: o fenômeno de sincretismo, encarado dentro de uma ampla visão sociológica, situando-o, depois, no terreno religioso. Procura distingui-lo de aculturação e de amalgamação, embora reconhecendo os pontos de contato, ou de afinidade, entre esses processos sociais.
O sociólogo Alfred McClung Lee afirma-nos: "Syncretism. The process of amalgamation of conflicting,